Véspera do Grenal de número 403, hoje escreverei sobre um clássico de 18 anos atrás, o Grenal 330….

Corria o ano de 1996, verão findando…. assisti o meu primeiro Grenal no Gigante da Beira-Rio. Era um domingo ensolarado, 17 de março, clássico válido pelo campeonato gaúcho daquele ano.

Vestindo minha camisa colorada fabricada pela Rhumell (aliás, uma das mais feias da história do Sport Club Internacional), subi num ônibus de excursão e me toquei para Porto Alegre. A lotação partiu da frente da antiga locadora Canal Zero da Avenida Coriolano Castro (bem na frente da Distribuidora de Bebidas Imperador) . Com todas as recomendações possíveis de minha mãe para o organizador da viagem, o Gugu, proprietário da locadora.

Assim como a camisa da Rhumell, o colorado naquele ano tinha um dos times mais feios e ruins da sua história. Colorado que viveu (ou sobreviveu) a década de 90 nunca mais irá reclamar do elenco e dos jogos neste novo milênio.

Em contrapartida, o co-irmão vivia uma fase glamourosa, era o atual campeão da Libertadores da América, e viria a ser o campeão brasileiro de 1996. No ano anterior, o Grêmio foi campeão gaúcho jogando os dois jogos finais com os reservas (conhecido como Banguzinho). Sou do tempo que ir segunda-feira para o colégio era o maior dos pesadelos, pois o Inter ganhava de ninguém e o Grêmio empilhando títulos. A gozação rolava solta.

O escrete colorado naquele jogo foi (reparem na feiura desse time): Goycochea, Gamarra, Ricardo, Ildo, Ronaldo, Élson, Yan, Souza, César Prates, Fabinho e Alberto.

Gamarra foi o melhor zagueiro que vi jogar com o manto colorado. Zagueiro clássico, elegante e inteligente. Na Copa do Mundo de 1998, jogando pela Seleção do Paraguai, a sutileza fez com que esse beque não provocasse nenhuma falta durante a competição. Fico imaginando o desespero desse rapaz ao jogar em um time tão ruim como o nosso na época.

Agora vejam a escalação do multi-campeão tricolor:

– Danrlei, Arce, Rivarola, Adilson, Roger, João Antônio, Goiano, Emerson, Carlos Miguel, Paulo Nunes e Jardel.

A frase onde se diz que Grenal não tem favorito é a mais pura verdade desse mundo. Comparando time por time, merecíamos tomar uma sacola de gols.

Pois bem, ficamos acomodados na arquibancada superior, no antigo Boné do Beira-Rio, visão privilegiada e estádio lotado. Naquele tempo, eram liberados uma quantidade bem maior de ingressos para a torcida adversária. Os torcedores do Grêmio ocupavam os dois anéis do estádio, aproximadamente 1/4 do elo, por volta de 12 a 15 mil torcedores. Era uma farra danada das torcidas.

A Super Raça Gremista cantava:

– Eu já falei, vou repetir, a Super Raça é que manda aquiii!

E recebia o contraponto:

– Puta que pariu, eu quero ver vocês saírem do Beira-Rio!!!

E por aí íamos, uma festa linda das torcidas, mesmo sem a existência dos cânticos mais atuais….

E o jogo…. pois bem, o jogo foi truncado (como todo Grenal), ríspido (como todo Grenal), com empurrões e xingamentos (como todo Grenal).

O Grêmio saiu na frente com um gol de falta de um especialista: Luis Carlos Goiano. Lembro que ao final do primeiro tempo era muita festa da torcida adversária e o time do Grêmio entrando no túnel batendo boca com os colorados na arquibancada. Naquela época o túnel de acesso do time visitante era no lado oposto às cabines de imprensa.

No segundo tempo, o colorado foi pra cima, empurrado pela torcida, mas faltava time para vencer aquele Grêmio Copeiro. Até que, num bate-rebate dentro da área, o ex-gremista Fabinho Rambo concluiu para as redes fazendo com que aquele mar vermelho presente no Gigante explodisse de emoção! O 1×1 escorreu-se até o apito final.

Era um menino de 14 anos no seu primeiro Grenal. Como dizem os gaúchos “tá feio, mas tá pareio”. Naquele mesmo ano, já pelo Campeonato Brasileiro, voltei ao Beira-Rio para uma vitória com autoridade sobre o Corinthians, nosso técnico era Elias Figueroa. Mas essa fica para um outro post….

Era isso pessoal, grande abraço, sucesso, saúde e paz!!

 

Camisa Inter 1996

Camisa Inter 1996

 

Grenal em 1996

Grenal em 1996