A ideia de escrever sobre genealogia parte de dois princípios:

1º – Desde muito pequeno sempre fui fascinado por fotografias antigas e as histórias contadas por minha Avó Pérsia e meu Tio Reis. O encanto de olhar uma fotografia com mais de 100 anos nos faz reviver a vida que foi dos nossos antepassados e do Rio Grande do Sul como um todo.

2º – É uma forma de manter vivo esses registros, visto que as pessoas mais velhas com quem convivi já faleceram e inúmeros relatos não merecem adormecer juntamente com seus “contadores de história”. Ou você já sabia que o Bernando Nunes, filho de Juca Nunes e irmão de minha tataravó Josefina Rodrigues Nunes, era um jovem de estrutura física privilegiada, capaz de laçar um potro e puxá-lo com as mãos para a mangueira? Pois é, Bernando Nunes nasceu por volta de 1800.

Você deve estar pensando… “Mas o que eu tenho a ver com isso” ou “Essa história não me interessa em nada”. Aí está, assim como existem leitores interessados em futebol, moda, esportes de aventura, também existem muitas pessoas interessadas em descobrir o seu passado. E é para essas pessoas que escrevo. Talvez estes registros possam algum dia servir como fonte de pesquisa de um passado distante que foi passando de boca em boca nas rodas de chimarrão, nas histórias para os “miúdos se entreterem” ou simplesmente para ganhar a eternidade…

 


 

Pois bem, agora iremos falar um pouco sobre o que norteia esse post, a família “Cipriano”.

Meu pai herdou esse sobrenome de minha avó Georgina Cipriano Costa. Infelizmente não temos muitas informações sobre a origem da família pois o meu bisavô Antônio Abraão Cipriano atravessou o Atlântico em busca de vida nova.

Pouco se sabe do velho…. até os parentes divergem em suas histórias, por muito tempo acreditei que nossa descendência era Turca, mas segundo relatos de meu primo-irmão Alan Costa Vargas (também um apreciador de histórias), vovô plantava azeitonas na Síria. Após desentendimento com seu pai, Antônio Abraão rumou ao Continente Americano com poucas roupas e dinheiro, um revólver e uma faca. O revólver extraviou-se, porém a faca ainda está em posse da família com o primo Alan.

Ao chegar no Brasil, estabeleceu-se na região de São Sepé onde constituiu família, casando-se com Maria Luiza dos Santos, que passou a herdar o sobrenome Cipriano. E a partir daí, nasceram sete filhas, que tiveram uma longeva vida, espalhando o sobrenome em terras gauchescas.

Em pesquisas no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul não localizei nenhuma informação sobre este sírio (ou turco??). Em sua lápide também não consta nascimento e óbito. O que resta seria buscarmos informações nos arquivos da Igreja Católica ou Cartório de Registros de São Sepé.

O que se sabe é que a imigração destes povos ao Brasil iniciou-se entre 1865 e 1870, quando começaram a chegar as primeiras levas de imigrantes. Os Imigrantes saíam de Síria e ganhavam o mar através do Porto de Beirute no Líbano, com o passaporte turco, visto que na época a Síria era ocupada pelo Império Turco Otomano. Por isso, todos os imigrantes eram chamados de turcos, o que na realidade poderiam ter outra nacionalidade árabe, como o possível caso de vovô.

Basicamente o que sei sobre Antônio Abraão Cipriano é isso. Para finalizar, um belo registro histórico do Sr. Cipriano com família de mulheres, onde podemos ver uma autêntica mistura de raças: o mestiço brasileiro “pelo duro” com árabe.

Grande abraço!

 

Da esqueda para a direita: Tia Guria, Tia Quininha, Tia Olga, Vó Georgina, Tia Antoninha, Tia Antonieta. Sentados: Bisavó Maria Luiza e Bisavô Antônio Abraão Cipriano. Bebê: Tia Marieta

Da esqueda para a direita: Tia Guria, Tia Quininha, Tia Olga, Vó Georgina, Tia Antoninha, Tia Antonieta.
Sentados: Bisavó Maria Luiza e Bisavô Antônio Abraão Cipriano. Bebê: Tia Marieta